terça-feira, 29 de abril de 2008

Resumo do Cap. XII do livro de Paul Veyne-Como se escreve a história

Para a questão da ciência existe um estudo que explica os acontecimentos referentes a ela. E nas questões da história ou da sociologia científica, existe uma ordem de factos que, pelo menos por alto dirija os outros factos?
Encontrar a ordem de factos é um sonho que já foi procurado nos regimes políticos, nas leis, nos costumes. Mas não existe ordem dos factos, sem a mesma, que dirigiria constantemente os outros factos.
Visto que um facto social tem por função o que é e que um facto social é um facto de grupo, podemos dizer que todos os factos têm finalmente uma grande função, a de integrar o indivíduo no grupo, o que é verdade para os feriados nacionais e as revoltas anárquicas que fecham a união sagrada contra elas e são um exutório necessário ao equilíbrio.
O autor defende a idéia de que só a história existe verdadeiramente, ele duvida da utilidade da sociologia. Para ele a sociologia geral, não existe; o que existe é uma física, uma economia (e só uma), mas não existe uma sociologia. A sociologia é uma ciência que queria ser, mas cuja primeira linha não foi ainda escrita e cujo balanço científico é completamente nulo.
Na história apenas há explicações de circunstâncias. A explicação histórica não segue rotas traçadas de uma vez por toda, a história não tem anatomia.
Na história não é possível classificar as causas por hierarquia de importância. Pois a importância é relativa das categorias de causas que variam de um acontecimento para outro. A ausência duma hierarquia constante das causas aparece claramente quando tentamos intervir no curso dos acontecimentos.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

A mídia e seus interesses...

O caso da morte da menina Isabella Nardoni, de cinco anos, tem comovido e chocado o país, pois trata de um crime brutal contra uma criança indefesa. O momento é de revolta, mas a cautela é imprescindível para que a imprensa não cometa erros e cumpra o seu papel, que é o de informar com precisão e imparcialidade.
A velocidade das informações e a facilidade que temos em obtê-las fazem com que a imprensa se sinta pressionada a querer achar logo o culpado, levando-a cometer erros irreparáveis, como aconteceu com o caso Escola Base, em março de 1994, onde a mídia denunciou seis pessoas por abuso sexual de crianças; e logo depois descobriu que o caso não existiu. Mas quando o erro foi descoberto já era tarde demais, a escola já havia falido e os donos ameaçados de morte.
É notável que a imprensa está mais cautelosa, evitando apontar culpados, mas ainda existem alguns meios de comunicação que insistem em fazer sensacionalismo, como a revista Veja, por exemplo, que trouxe como manchete: O anjo e os monstros, e abaixo da palavra “monstros” as fotos do pai e da madrasta. Sem qualquer apuração a revista já julgou e condenou os suspeitos. Não cabe a imprensa o papel de julgar e sim informar. Os indícios de que eles sejam culpados são fortíssimos, mas e se não forem?
O mistério do crime e o fato de envolver questões familiares são fatores primordiais para que o acontecimento caia nas graças da mídia. Mas a imprensa de um modo geral não pode se esquecer dos princípios básicos da ética jornalística, e que um bom jornalismo evita atitude intempestiva gerada pelo calor do momento.
Infelizmente o caso Isabella será mais um, até que a mídia encontre outro mais interessante e que desperte o interesse da sociedade, pois é assim que ela sobrevive. É uma realidade cruel e cabe a nós profissionais de comunicação a tarefa de evitar que esse ciclo continue.

domingo, 13 de abril de 2008

Acesso à cultura um direito de todos?

Está na Constituição Brasileira: é direito de todo cidadão o acesso à cultura. Mas, atualmente, a situação no Brasil não favorece esse acesso, pelo contrário impede o público de usufruir o seu direito, já que a grande maioria da população não consegue acompanhar o ritmo do mercado que cresce em velocidade frenética.
O acesso à cultura no Brasil, infelizmente, ainda é muito desigual. Os dados do IBGE mostram que os 10% mais ricos são responsáveis por cerca de 40% de todo o consumo cultural. E, além da desigualdade de renda, há também a desigualdade espacial, pois as regiões metropolitanas concentram 41% desse consumo.
Segundo o secretário executivo do Ministério da Cultura, Juca Ferreira, o Brasil vivencia um "apartheid cultual". "Menos de 10% dos brasileiros vão pelo menos uma vez por ano ao cinema e os que vão sistematicamente não chegam a 5%. As tiragens de livros são de apenas cinco mil exemplares, para um país de 180 milhões de habitantes", enumera ele. "O povo brasileiro, na sua maioria, não tem acesso à cultura, a não ser através da televisão e mesmo assim de forma precária, como forma de matar o tempo."
Os produtos de comunicação audiovisual estão aí para serem consumidos, mas infelizmente sabemos que o poder aquisitivo da população não permite que se gaste dinheiro em produtos considerados supérfluos, pois existem outras prioridades e necessidades básicas. Se os produtos fossem mais acessíveis, com certeza não haveria pirataria (convém lembrar, é crime) que cresce desordenadamente em todo mundo.
O público, que é o maior responsável pela a arrecadação de fundos para a cultura, é o menos representado no processo de informação, de comunicação e de socialização em nosso País.
Com a aprovação da Carta dos Direitos do Público criada em Tabor, em 1987 e recuperada na cidade do México, em 2008; que tem como objetivos principais defender o direito do público e lutar pelas entidades que os representam, espera-se que o público seja tratado de forma diferente da atual, como deseja o jornalista Felipe Macedo, em artigo publicado no jornal Le Monde: "Não queremos consumidores de comunicação. Queremos um público ativo, consciente, responsável, capaz de propor e conhecedor de seus próprios direitos inalienáveis".
É necessário que haja uma conscientização do público de que eles não só podem como devem participar do processo de comunicação; para que não tornem apenas meros espectadores acríticos, e sim um público consciente e participante que pode contribuir para a elaboração, aplicação e fiscalização do processo cultural no Brasil.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Qual é o limite ético na atividade jornalística?

O jornalismo vive uma crise na qual o interesse particular tem suplantado o interesse público, comprometendo, assim, o sentido social da profissão.
De acordo com José Fancisco Karam, no livro “A Ética Jornalística e o Interesse Público”, é necessário que se tenham parâmetros éticos para exercer a profissão, Jornalista.
É de extrema importância que haja um vínculo entre ética profissional e o interesse público. Devido o surgimento de novas e crescentes sociedades de mídia, que resultaram em poderosos conglomerados, este vínculo pode estar seriamente comprometido, pois com a concentração da mídia nas mãos de poucos, há uma grande possibilidade de se perder a credibilidade.
Hoje, através da tecnologia e do ciberespaço, basta que se tenha um simples blog na internet para se tornar um produtor direto de conteúdos. E essa facilidade faz com que alguns setoristas de jornais recorram a esse tipo de fonte para facilitar o trabalho na redação. Assim, o contraditório tem a oportunidade de surgir com muito mais velocidade e visibilidade, pois se está na internet, por princípio já é de domínio público.
A questão da ética deve ser prioridade em qualquer profissão, principalmente a do jornalista que tem o poder de causar ruínas, como aconteceu com a Escola Base em São Paulo, onde o dono da instituição foi acusado de pedofilia, teve seu nome publicado em jornais, mas acabou inocentado, pois ficou comprovado que tudo não passou de manipulação de informação. É como diz Felipe Pena, no Jornalismo não há fibrose, pois as feridas abertas pela difamação jamais cicatrizam.
Não há gradação quando o assunto é falta de ética. Infelizmente essa falta de ética tem feito com que as pessoas deixem de acreditar na imprensa. Uma pesquisa do Comitê dos Jornalistas Preocupados (Criado nos estados Unidos, pelos Jornalistas Bill Kovach e Tom Rosenstiel), realizada em 1999 revelou que apenas 21% dos americanos acreditavam que a imprensa estava realmente preocupada com as pessoas. Em 1985, esse índice era de 41%. No Brasil ainda não foi feito um estudo sério sobre o tema.
Esse índice é alarmante, pois o público não pode ser tratado como um consumidor inserido na lógica comercial, pois a ética jornalística não se deve reduzir à normatização escrita, e sim fazer parte do processo interior do profissional, que deve se refletir no trabalho cotidiano e se relacionar à totalidade social.
Uma boa definição de ética no jornalismo está no livro: A regra do jogo de Cláudio Abramo: “Sou jornalista, mas gosto mesmo é de marcenaria. Gosto de fazer móveis, e minha ética como marceneiro é igual à minha ética como jornalista – não tenho duas. Não existe uma ética específica do jornalista: sua ética é a mesma do cidadão.” Para ele os valores inerentes à ética só fazem sentido se estiverem inscritos no conjunto da sociedade, como um sistema interligado.
É indiscutível que deva existir uma conduta moral do cidadão, seja qual for sua atividade, pois todo profissional está sujeito a escolhas e dilemas, e com o jornalista não é diferente. Mas o que o jornalista não pode esquecer é que o interesse público deve vir sempre em primeiro lugar, já que a informação é um direito fundamental da sociedade.